sexta-feira, abril 29, 2005

O fabuloso mundo da audimetria (3)

Em virtude de uma semana excepcionalmente preenchida, constato que o meu televisor não é ligado há 96 horas. Se lerem qualquer informação do género: “um em cada mil portugueses não vê televisão”, não acreditem. É conjuntural.

O fabuloso mundo da audimetria (2)

Claro que também existem imensas vantagens! Ao fim de seis meses de colaboração posso solicitar a chaleira eléctrica a que tenho direito. Isto para mencionar apenas um dos fantásticos brindes disponíveis no catálogo.

O fabuloso mundo da audimetria

São mil os lares portugueses sujeitos à medição das audiências de televisão. O meu é, desde sexta-feira passada, um deles.

Fui submetida a interrogatórios extensos, abrangendo todos os aspectos da minha vida, em duas entrevistas telefónicas e mais duas entrevistas presenciais. Tem animais domésticos? Plantas? Familiares ou amigos empregados em canais de televisão? E muitas outras mais complicadas. Tinha esperança de chumbar em algum requisito mas não. Nem serviu de nada dizer “olhe que eu quase não vejo televisão”.

Houve duas advertências que me fizeram querer mandar esta minha colaboração graciosa para as urtigas: “não terá de suportar quaisquer custos” (devo agradecer a quem?); e “temos de abrir o televisor e o vídeo mas o nosso equipamento não danifica os aparelhos nem afecta a qualidade da transmissão.” (não me diga que vai ser possível continuar a ver televisão?). Mas calei-me e o processo seguiu em frente. Outras questões menores como não poder mudar de casa, nem de televisor, nem alterar o número de residentes no lar, não me preocuparam demasiado.

A instalação demorou cerca de duas horas e meia. Consegui negociar o especial favor de não assistir à montagem do equipamento, embora não tenha sido possível furtar-me a receber, de imediato, explicações detalhadas sobre o seu funcionamento: accionamento, identificação do telespectador e tudo o resto que já não me lembro.

Fica de aviso para o caso de receberem uma chamada da Marktest e também para que se saiba que os dados das audiências são obtidos à custa do esforço e dedicação de cidadãos anónimos.


segunda-feira, abril 25, 2005

Liberdade (hoje na avenida)

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[Esperar uns 20/30 segundos, até começar a ouvir as botas a marchar na gravilha.]

quarta-feira, abril 20, 2005

I love you, you pay my rent... (é fácil, ele é assim fácil)

(tradução automática no Google)
Lyrics Dos Meninos Da Loja De Animal de estimação
(outra vez... ooooh outra vez... outra vez... ) Você veste-me acima, mim é seu fantoche Você compra-me coisas, mim ama-o Você traz-me o alimento, mim necessita-o Você dá-me o amor, mim alimenta-o E olhar nos dois de nós no sympathy Com tudo nós vemos Eu nunca quero qualquer coisa, ele sou fácil Você compra o que quer que eu necessito Mas olhar em minhas esperanças, olhar em meus sonhos A moeda corrente que nós gastamos (ooooh) eu te amo, oh, você pagam meu aluguel (ooooh) eu te amo, oh, você pagam meu aluguel Você phone me na noite no hearsay E comprado me caviar Você fêz exame de me a um restaurante fora de broadway Para dizer-me que você é Nós o never-ever discute, nós nunca calculamos A moeda corrente que nós gastamos (ooooh) eu te amo, oh, você pagam meu aluguel ...Eu sou seu fantoche Eu amo-o E olhar nos dois de nós no sympathy E às vezes ecstasy As palavras significam assim pouco, e o dinheiro mais menos Quando você se encontrar ao lado de mim Mas olhar em minhas esperanças, olhar em meus sonhos ... Olhe minhas esperanças, olhe meus sonhos ...(ooooh) eu te amo, você pagam meu aluguel (é fácil, ele é assim fácil) (ooooh) ...

terça-feira, abril 19, 2005

Hoje como Ontem

Um dia, na escola primária, ao ver uma grande fila avançar para uma senhora que fazia com uma caneta uns riscos no braço, dos quais saía sangue, e chegada a minha vez, disse que a minha mãe não queria que eu fosse vacinado. Pura ilusão, apenas adiou uns dias o sacrifício.
Ontem uma menina que eu cá sei trouxe a bata para casa, o que não acontece no dia anterior à natação. Disse à professora que como estava rouca e com tosse não podia ir à natação. Parece que não gosta de dar mergulhos sem bóias. Hoje, mais conformada, lá levou a bata com indicação de que a tinha trazido por engano.

segunda-feira, abril 18, 2005

Olha, alembrou-se-me

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra


(in «Nobilíssima Visão», Mário Cesariny)

Pastelaria

[ou Não era uma pata de veado, se faz favor]

O que fazer quando os únicos bolos que se consegue identificar são palmiers e mil-folhas, e não nos apetece nem uma coisa nem outra? E quando se confunde sistematicamente merendinhas com milanezas, tendo, porém, a certeza que não gostamos mesmo nada de uma das referidas variedades? Aponta-se, claro. Não há problema nenhum.

Assim fiz eu: dedo esticado do lado de cá da vitrina. Depois desinteressei-me do processo de embrulho e fiquei a olhar para o ar. Até que, ao meu lado, uma voz preocupada murmurou: “a senhora não pediu uma pata de veado, pois não?”. “Err... eu queria um destes aqui” – voltei a apontar. “Pois, um jesuíta. É que o empregado está a embrulhar-lhe uma pata de veado”.

A solução, parece-me, passa por descer mais um quarteirão e comprar uma sandes.

Fora do mundo?...

Pois é, lá estou eu outra vez a dar-lhe!

domingo, abril 17, 2005

Viagens – Hong-Kong, Macau, Pequim, Xangai, Cantão (China)



Foram quinze dias fora do mundo (em 1998). Ainda hoje recordo como se tivesse sido um sonho. Começou mal, logo à chegada a Pequim fomos enganados pelo taxista, à boa maneira dos do aeroporto de Lisboa. Fomos por convite, e aproveitando o apoio, dos tios, então exilados em Macau, em vésperas do fim do Império (e não estou a falar do café ali na Alameda D. Afonso Henriques) que prepararam um roteiro excepcional para forasteiros, com todos os pormenores necessários. O apoio concretizou-se mesmo no aspecto material, quando na recta final, ao comprar um colar de pérolas, faltou saldo no cartão de crédito o que obrigou à intervenção pronta da financeira da família, algo constrangida (?) com a penúria dos convidados.

sexta-feira, abril 15, 2005

Lombos brancos

São bochechas rechonchudas, saltando de calças com o gancho encurtado propositadamente. No início da Primavera estão sem bronze nenhum, o que faz ressaltar a penugem sem descoloração possível, e nestes dias de vento desagradável suscitam um desconforto à vista desarmada. Roupa curta da irmã mais nova é o conceito desta moda que se propaga, como uma religião em que o sofrimento liberta. Discutível também o efeito sexy, na grande maioria das utentes, da exposição umbilical. Incontornável a necessidade de estar por dentro da novidade, de fazer parte do grupo da vanguarda, de se sentir na linha da frente da guerra da sedução, com as armas mais modernas disponíveis no mercado.

segunda-feira, abril 11, 2005

Viagens - Sun City ou A questão racial


Numa das minhas muitas viagens à África do Sul, nos finais dos anos oitenta, antes da libertação de Nelson Mandela, resolvi num sábado ir a Sun City. Costumava ficar no Landrost Hotel, depois Holiday Inn, em Joanesburgo. Ao fim de semana percorria os locais turísticos, tipo Centros Comerciais (East Gate, Sandton), Gold Reef City, o Museu, que até era perto do hotel. Naquele dia resolvi ir mais longe (400Km?) até a um protectorado chamado Bophutatswana onde estava esse paraíso do jogo e do espectáculo. Era mais ou menos no meio do deserto que estava aquela cidade artificial, e lá gastei uns rands nas slot machines, vi as vistas e à tarde regressei a penates.
Ao atravessar uma cidade no caminho de regresso excedi a velocidade limite de 50 Km/h, na avenida principal (ía a 62 Km/h). Fui convidade pelos agentes, de aspecto alemão, a ir ver a foto com a indicação da velocidade, a uma roulote umas centenas de metros antes, onde no sistema informático identificaram o dono do carro e a morada, e me entregaram o papel da multa. Tinha 30 dias para pagar senão o carro seria apreendido. Lá continuei viagem sem mais percalços e cheguei já de noite ao hotel. Ao jantar, no excelente restaurante do hotel, puxei do papel para analisar o conteúdo e tropeço no item raça (race?) e estava lá manuscrita uma palavra que eu lia BLACK. Li e reli e de regresso ao quarto olhei-me bem ao espelho. De facto estava queimado da praia (estávamos em Setembro), também tinham verificado que era português, e comecei a achar que tinham feito de propósito para me chatear. Nunca me dei bem nos contactos com os polícias que me mandam parar na estrada. Tentei ligar para a esquadra, mas qual?, e tropeçava num linguarejar estranhíssimo, o afrikaans, misto de alemão e holandês, completamente incompreensível. Desisti e fui dormir. Na 2ª feira, não resisti a contar a história na empresa onde estava a outro português residente há muitos anos naquelas paragens. Pediu-me o papel e depois de ler esclareceu, a rir, aqui diz BLANK, que é branco em afrikaans. Foi assim que voltei a ser branco outra vez, definitivamente!

quarta-feira, abril 06, 2005

Um olhar fulminante

Passados que foram 27 anos, volta a acontecer com outra menina que eu cá sei. "Detentora de uma personalidade vincada, quando contrariada, olha-nos com um olhar "fulminante" e por vezes responde mesmo não, mas acaba por acatar o que lhe é dito, não escondendo no entanto o seu desagrado. Com os colegas consegue brincar de forma cooperativa, mas quando quer algo ou quando as opiniões divergem facilmente recorre ao contacto físico" (extraído do "Boletim relativo a atitudes e desenvolvimento do aluno", enviado para casa).

sexta-feira, abril 01, 2005

Viagens – Kruger Park (África do Sul)


Em 1987, eu e a minha senhora, passámos três dias na selva. A primeira noite ficámos num bungalow, no interior de um acampamento junto ao Rio dos Elefantes, perto da fronteira com Moçambique. O tratamento era de encantar, os relvados e jardins magníficos. No dia seguinte estávamos prontos às cinco da manhã para tentar ver os animais antes do nascer do sol.

Viagens - Reykjavik (Islândia)


Em meados dos anos 80, em Dezembro, um pouco antes do Natal, chegámos, eu e o Américo, ao aeroporto da Portela, de regresso da Islândia, com 10 quilos de bacalhau cada um, em embrulhos muitos bem empacotados. Foi fácil passar na alfândega sem mais diligências, bastou anunciar o conteúdo para que o funcionário sorrindo nos desejasse um bom jantar de Natal.